sábado, 27 de dezembro de 2014


Movimento "Malcata Pro-futuro" promete que não vai deixar que a desmobilização aconteça. Não vamos entrar na zona de conforto da passividade!

sábado, 13 de dezembro de 2014

Povo de Malcata diz NÃO às Eólicas, em mais uma reunião


Povo de Malcata diz NÃO às Eólicas, em mais uma reunião

Movimento “MALCATA PRO-FUTURO” recebe amplo apoio da população

DELIBERAÇAO da População de Malcata 

A população de Malcata, reunida na Sede da Junta de Freguesia no dia 13 Dezembro de 2014, por convocação do movimento “ MALCATA PRO-FUTURO “, deliberou:

·         Repudiar todo processo que levou à instalação de 19 aerogeradores, sem prévio EIA, uma vez que os mesmo impactam enormemente na sua paisagem , na sua qualidade de vida e  que desvalorizam consideravelmente o valor real e potencial dos seus activos (terras e casas);

·         Rejeitar liminarmente o Projecto de sobreequipamento do Parque Eólico de Penamacor 3B;

·         Solicitar às autoridades ambientais que, “a posterior”,sejam considerados, e mitigados os efeitos ambientais conjugados dos dois empreendimentos já existentes - Barragem e Parque Eólico de 19 aerogeradores - uma vez que não foram feitos em devido tempo;.

·         Mandatar o movimento “Malcata Pro-futuro” para, em cooperação com a Junta de Freguesia, prosseguir com todas as ações que venham a ser necessárias, inclusive as judiciais;

·         Dar a “MALCATA PRO-FUTURO “ autoridade e legitimidade para, em cooperação com a Junta de Freguesia, representar o povo de Malcata, no diálogo e na interação com todas as entidades interessadas.

 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

População de Malcata contra o Sobreequipamento do Parque Eólico


Malcata pró-futuro

População de Malcata confrontada com uma barreira de 19 aerogeradores, à porta de casa … Tenta evitar, a todo o custo, o Sobreequipamento do Parque Eólico

A população considera que, mais uma vez, não foi ouvida. Pela segunda vez é desconsiderada na concretização de projectos de interesse nacional, mas de grande impacto nas suas terras, sem que deles retire benefícios.

A 1ª vez ocorreu na década de 90 aquando da construção da Barragem do Sabugal, inaugurada no ano 2000. A construção, enchimento e exploração da albufeira decorreu sem EIA (Estudo de Avaliação de Impacto Ambiental). A população de Malcata viu alterado o seu território, em termos de paisagem, de geologia, de geomorfologia, de solos, de modificação do regime fluvial do seu rio, com alteração do meio aquático e dos habitats aí existente, sem contrapartidas e sem aplicação de quaisquer medidas de minimização de impactes no seu território. Veja-se a esse propósito o estudo da Profª Adélia Nunes, Instituto de Estudos Geográficos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.


Este estudo, muito claramente, torna evidente o amplo domínio de acções produtoras de impactes negativos, derivados da construção da barragem e exploração da albufeira e o restrito número de actividades com efeitos positivos. Hoje a população de Malcata convive com um lago artificial que lhe roubou grande parte do seu território. As mais-valias para a economia local, para actividades recreativas, lazer, etc., são escassas ou quase nulas.
A 2ª vez vem ocorrendo desde 2006, com a instalação de aerogeradores. Primeiro um, depois outro, outro..., e assim sucessivamente, sem que a população fosse consultada ou informada. O parque foi crescendo e chegou aos 19 aerogeradores, mais uma vez sem EIA.

A população de Malcata diz : BASTA!
A oposição ao projecto de sobreequipamento materializou-se em três abaixo-assinados da população dirigidos à APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e uma exposição ao Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia. O primeiro abaixo-assinado ocorreu em fase de consulta pública, outro contestou a localização dos pontos de medição do ruído e o ultimo aponta fragilidades da DIA (Declaração de Impacto Ambiental), emitida pela APA.

Em que consiste o sobreequipamento?  Resposta: Adicionar 6 aerogeradores aos 19

Nota1: A razão do sobreequipamento
Os parques eólicos instalados têm, ao abrigo de legislação em vigor, três grandes vantagens em relação a outros produtores de electricidade: i) acesso prioritário à rede elécrtica; ii) preço garantido, (neste caso cerca de 70 euros/MWh),para toda a energia injectada, limitada esta à potência de licenciamento; iii) fornecem uma energia bruta uma vez que não têm que se preocupar com serviços de sistema. Ou seja, serviços que permitem manter a solidez de todo os sistema eléctrico quando há excesso ou escassez de vento, por exemplo. Esses serviços, (proporcionados por Centrais Térmicas de “backup”, bombagem em centrais hídricas, …) são pagos pelos consumidores de electricidade.
A legislação permite ainda que os projectos eólicos sejam sobreequipados até 20% da potência instalada. Para quê? Para possibilitar debitar a potência máxima mesmo em situações de menor vento, de manutenção de um ou outro gerador, etc.
Observação1: Os generosos sobrecustos pagos às renováveis, pelos consumidores de de electricidade, dão para tudo! até para sobreequipar a 20%! Não admira que o défice tarifário ronde hoje  os 4,5 mil milhões!

Em face da situação do país e da existência de um défice tarifário acentuado justificam-se três perguntas:
Pergunta 1: Se observarmos a informação disponível nos sites da REN, da ERSE, da DGEG,… o consumo baixou significativamente, situando-se hoje em valores de 2007!! Neste enquadramento justifica-se prosseguir com este “maná” de acrescentar energia “cara e bruta” ao sistema quando a procura de electricidade diminuiu acentuadamente? Estão os portugueses dispostos a continuar a pagar sobrecustos? Mais ainda numa situação de crise económica e de défice tarifário?

Pergunta 2: Sendo o sobreequipamento manifestamente uma solução cara, sem valor acrescentado para o sistema, e altamente impactante do ponto de vista ambiental, porque se insiste na solução? A nossa resposta: Por inércia. Por comodismo. Porque a solução de sobreequipamento é a que dá total garantia de retorno. Porque outras soluções dão trabalhos e não têm “à priori” a mão amiga do Estado, via garantia “preço”.

Pergunta 3: Perante as duas questões anteriores, justifica-se que o Estado em sede de AIA (Avaliação de Impacto Ambiental) , de DIA ( Declaração de Impacto Ambiental) e de RECAPE desconsidere a preocupação da população de Malcata e que nem sequer obrigue o promotor a apresentar alternativas?

 Observação2: A política energética e ambiental deve conciliar aspectos sociais, de ordenamento / ocupação do território, de qualidade de vida das populações. Malcata, tal como outras povoações do interior, tem problemas relacionados com o abandono e o envelhecimento acelerado da população. Não é fácil encontrar no interior economia subjacente. A maior riqueza é o sossego, a qualidade paisagística e pouco mais. Tudo isso está já hoje comprometido com os 19 aerogeradores.

Nota 2: Sobre alternativas ao sobreequipamento
Consideramos que existem pelo menos três alternativas: i) a não instalação, por não haver necessidade e por vir agravar o défice tarifário; ii) a deslocalização dos aerogeradores afastando-os da população de Malcata; ii) O Ministério do Ambiente e Energia pode promover uma solução que permita ao promotor trocar a opção de investimento, em sobreequipamento (cerca de 9 Milhões de euros), por outra que traga mais valia ao sistema elétrico, passando o parque eólico, por essa via, a fornecer serviços de sistema,  com recurso, por exemplo, a armazenamento
A barragem do Sabugal implantada em terras de Malcata dista cerca de 2km do Parque eólico. Esta barragem além do circuito hidráulico para a barragem da Meimoa, que se situa a cerca de 5 km , tem ainda uma conduta forçada e central hidroeléctrica. Seria assim possível transformar a centra hidroeléctrica em central reversível, para turbinar ou bombar, entre as duas albufeiras.

Onde fica a aldeia de Malcata

Pertence ao Concelho do Sabugal. Situa-se na fronteira com o Concelho de Penamacor. A aldeia é ladeada a norte pela barragem do Sabugal (rio Côa), a sul pela Reserva Natural da Serra da Malcata e a nordeste por uma autêntica barreira de aerogeradores. Este parque eólico situa-se exactamente na linha divisória de dois concelhos (Penamacor e Sabugal), mas impacta consideravelmente, ou quase exclusivamente, sobre a aldeia de Malcata. A densidade de geradores é muito acentuada. As fotografias em https://www.facebook.com/pages/Malcata-Pro-futuro/644326865688082 dão uma ideia dessa densidade.   
Malcata tem razão?

Vejamos episódios de construção da barragem e do parque eólico... duas histórias com um denominador comum : ausência de respeito pelas populações locais

Barragem do Sabugal
A sua construção, enchimento e exploração decorreu sem Estudo de Impacto Ambiental e sem qualquer acompanhamento in loco do ponto de vista ambiental. Tem enorme importância para a economia nacional. Integra-se no Plano Geral de Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira. Desempenha importante papel no abastecimento de água a várias populações e no combate a incêndios. Não temos elementos para quantificar esses benefícios para a economia nacional. Sabemos sim que para a microeconomia de Malcata os benefícios são escassos.

Parque eólico
·         Instalação de um parque eólico de 19 aerogeradores à “socapa”, da população,  e sem EIA;
·         Faturação de cerca de 6 milhões de euros anuais em electricidade: 2,5% para a autarquias (para Penamacor e residualmente para o Sabugal);
·         Localização sem “custos políticos”. O PE encosta ao Concelho do Sabugal não tem problemas para Penamacor. Também não tem para o Sabugal já que esta autarquia argumenta que o parque pertence maioritariamente a outro Concelho. A população de Malcata aguenta …. Sem possibilidades de pedir responsabilidades politicas;
·         Sede da  Lestenergia, empresa proponente: Penamacor;
·         Terrenos: povoamentos florestais de baixa rendibilidade. O preço de referência nacional para o arrendamento afecto a torres eólicas é de 5000 euros / ano / turbina, muito acima da rendibilidade potencial de uma exploração florestal. A questão passa a ser como arrendar pagando menos?  Servindo-se da ignorância da população (com elevado índice de analfabetismo) e da fraca expectativa de rentabilidade, via floresta, potencia-se uma intermediação arrendatária. E assim os proprietários dos terrenos são espoliados de 50% da renda, de um modo usurário e oportunista;
·         EIA (Estudo de Impacto Ambiental) obrigatório para parques com 20 ou mais aerogeradores. Solução : Instalam-se então 19, sem EIA, um a um … com intervalos… sem fazer ondas… Isto apesar do impacto quase total sobre uma única população e apesar do parque se situar no limite da Reserva Natural …;
·         Sobreequipamento : Agora já não é possível evitar o EIA….  mas a tarefa está facilitada porque já estão instalados 19,… mais 6 não será problema … com uns “ truques” no EIA…;
·         Consulta Pública em sede de AIA (Avaliação de Impacto Ambiental): Apesar da consulta pública ter como principal objectivo proporcionar uma alargada participação das entidades e cidadãos interessados, não se promove de uma forma pró-activa o esclarecimento. Porém alguns habitantes de Malcata ao lerem o edital afixado, a 14 de Novembro de 2013, questionaram a Junta de Freguesia. Esta promove uma reunião quase no limite do prazo, que era 18 de Dezembro de 2013;
·         População subscreve abaixo assinado dirigido à APA, manifestando-se contra;
·         “Truques” do EIA: Abrange vários aglomerados populacionais (Granja, Malcata, Santo Estêvão, Meimão ,…). Ora Granja é uma quinta com 9 ou 10 habitações que se situa na outra margem da albufeira do Sabugal, a 4 kms de distância, onde residem 4 casais em permanência. Meimão fica a cerca de 6/7 kms, num vale, no sopé da encosta, na vertente oposta à da implantação prevista e o relevo do terreno oculta a quase totalidade do parque. Santo Estevão fica também a cerca de 6/7 kms, e tal como o Meimão, na vertente oposta à da implantação.  Em todas, o relevo natural do terreno, oculta a quase totalidade do parque, nomeadamente os 6 aerogeradores previstos. Malcata sofre na totalidade o impacto, quer a nível paisagístico, quer a nível do ruído, etc. O estudo diluí-se numa área geográfica ampla e não focaliza na população verdadeiramente afectada. Ao fazê-lo, minimiza efeitos e compromete resultados. Apesar do ruido ser, segundo a população, já hoje significativo, bastante incomodativo, em zonas limítrofes da aldeia, principalmente perante ventos de oeste, não se densificam pontos de medição, na aldeia mais afectada;
·         DIA (Declaração de Impacto Ambiental) - Resultado esperado: CA (Comissão de Avaliação) da APA não identifica a ocorrência de impactos negativos significativos e não minimizáveis;
·         Fragilidades da DIA: i) Ausência de foco, na população verdadeiramente afectada, revelando total insensibilidade perante uma população; ii) Não são referidas alternativas ao sobreequipamento, quando elas existem e com menores custos, para os consumidores de electricidade e para o défice tarifário; iii) Referencia a uma suposta dinamização das actividades económicas e a criação de emprego quando os 19 aerogeradores instalados trouxeram a Malcata zero em termos económicos, de microeconomia e de emprego. Os únicos beneficiários são os proprietários dos terrenos e mesmo assim confrontados com uma intermediação arrendatária que os espoliou em 50%; iv) Referência ao facto de o sobreequipamento se justificar por razões relacionadas com a satisfação do crescimento da procura de electricidade. Ora o que se observa vendo a informação disponível nos sites da REN, da ERSE, da DGEG,… é que o consumo baixou significativamente, situando-se hoje em valores de 2007; v) Não apela à analise de impactos cumulativos do Parque e da Barragem do Sabugal;
·         População manifesta-se com novo abaixo-assinado dirigido à APA: Não concordância com a localização dos pontos de medição do ruído; 
·         Consulta Pública em sede de RECAPE (Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de execução): O relatório é colocado, à disposição para consulta, na Câmara Municipal do Sabugal, durante um prazo de 15 dias. De 10 a 30 de Outubro de 2014. Apesar da complexidade técnica do relatório, nem a autarquia, nem a Junta de Freguesia, promovem qualquer reunião de esclarecimento. O prazo passaria despercebido se alguns habitantes não se tivessem apercebido do respectivo edital;
·         População subscreve novo abaixo-assinado dirigido à APA, apontando as fragilidades da DIA. Em simultâneo o grupo “Malcata pró-futuro” envia exposição ao Sr. Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.
Conclusão
·         O processo relativo ao Parque Eólico de Penamacor 3B apresenta enormes fragilidades, que se adicionam, todas em prejuízo da população de Malcata;
·         O processo, podendo não ter falhas do ponto de vista legal tem-nas do ponto de vista procedimental. Foi cego nos aspectos sociais, de ordenamento / ocupação do território, de respeito pela população de Malcata;
·         Malcata considera que está em causa o seu supremo bem-estar, sua qualidade de vida, o futuro da aldeia;
·         As gentes de Malcata já dão, com os 19 aerogeradores, uma contribuição significativa para a estratégia nacional de combate às alterações climáticas, sem contrapartidas económicas para a microeconomia local e têm todo o direito de continuar a viver, condignamente, na sua terra;
·         As terras de Malcata contribuem ainda significativamente para o PIB nacional, através da Barragem do Sabugal e do Parque Eólico e recebem em troca desconsideração;
·         As gentes de Malcata solicitam às autoridades ambientais que sejam considerados e mitigados os efeitos ambientais conjugados da Barragem e do Parque Eólico .